Este blog, UM ESTÁTUA PA NHÔ ROQUE, destina-se a recordar Dr Gonçalves e à partilha de informações, ideias e sugestões acerca da edificação da estátua do Dr António Aurélio Gonçalves na Pracinha "nhô Roque".

domingo, 7 de junho de 2015

TESTEMUNHO DA MARIA FARIA BRITO (BIÁ) SOBRE DR GONÇALVES





 Longos anos volvidos após os meus estudos liceais, a impressão que me ficou,  é a de que qualquer aluno que tivesse passado pelas bancadas do  dr António Aurélio Gonçalves, por mais desinteressado que fosse, não deixaria de se sentir atraído pelas  interessantes conversas das suas aulas de Filosofia. Eram longas dissertações que tinham por base textos de autores  seleccionados para a nossa apreciação, comentados , desenvolvidos, acrescidos na sua variedade dispersa que incluía anedotas que descontraíam e até certo ponto serviam de mnemónica para a fixação de determinadas noções.
Ao recordar com uma colega muito especial dos tempos de liceu e de memória priviligiada,hoje reformada das suas funções de professora de Biologia,  veio-nos à memória o nome de um desses autores :Alexix Carrel no seu livro “ O homem, esse desconhecido”.
  Eram ensinamentos que prendiam a nossa atenção, muitas vezes  pelo humor e sabedoria com que nos eram transmitidos. Assim se infiltravam  vagamente   nos nossos conhecimentos , não pesando mas deixando-nos aquele sentimento de admiração e vontade de ouvir mais.
 Na primeira aula do ano lectivo de 1949-1950 foi-nos transmitido deste modo  o conceito de Filosofia: “É a síntese flutuante das aproximações hipotéticas da Verdade que a Ciência procura conhecer”. Depois do significado etimológico da palavra, foi-nos lançado, com o sorriso que  caracterizava o nosso professor ,esta reflexão que despertou a nossa curiosidade sobre o conteúdo da disciplina que abordávamos com ansiedade.




Não foi só a disciplina de Filosofia que nos foi ministrada por este professor de raro talento. Em regime de substituição também foi nosso professor de Francês , História, Ciências Geográfico-Naturais.
Aconteceu numa fase em que ele trabalhou como professor eventual, situação por que muitos passavam até conseguirem um contrato que permitia maior estabilidade na carreira.Situação instável e insegura e que os disponibilzava a preencher as lacunas deixadas por aqueles que já pertenciam ao quadro docente.
Conta-se que numa dessas ocasiões, o próprio chegou a interpelar um Governador da Colónia se achava justo que um professor que tivesse escrito e publicado em Lisboa uma obra como “Aspectos da Ironia de Eça de Queirós” pudesse ainda não ter algo que tornasse a sua carreira profissional mais estável.
A sua marca foi ficando em cada uma das disciplinas. Na disciplina de Francês pela maneira como nos chamava, aplicando o hábito que os franceses têm de pronunciar o a final das palavras como em Maria- Mariá.
Por tudo isso recordo, com todo o carinho esse professor que me marcou, inconfundível ,admirado, querido.
Reconhecendo que de facto são raros os testemunhos que restam desses tempos saudosos, aceitei a sugestão que gentilmente me foi feita por um membro da AMNR,dra Maria Margarida Alfama Fragoso, minha prima e amiga Maguy, de apresentar aqui o meu.
 Justa homenagem lhe seja feita em tudo  que possa eternizar a lembrança da sua passagem por esta ilha, esta cidade de que fez parte,  em que deixou história,palco dos seus interessantes contos e novelas.
É imensa a minha gratidão , na minha memória ficará  Paz à sua alma, professor amigo

                                  Maria Faria de Brito



                           

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